REAFIRMAÇÃO DOS VALORES TÍPICOS DO CRISTIANISMO

Para realçar a acentuada similitude entre os princípios de crença que são expostos no Estatuto do “Ciclu” e nas letras dos hinos dos hinários da base doutrinária da missão religiosa estabelecida por mestre Irineu, e os princípios fundamentais de crença do Cristianismo, tal qual podem ser vistos no Novo Testamento e em obras de Teologia cristã, optei por salientar em meus livros trechos da Bíblia e de pensadores como S. Agostinho, S. João da Cruz, S. Tomás de Aquino e S. Tereza de Ávila, entre outros pensadores cristãos, católicos ou não, cotejando-os com aquilo que se canta nos hinos dos hinários da base doutrinária.




É que, como expliquei melhor no livro A Rainha da floresta, pareceu-me bom agregar referências teológicas já selecionadas, por avaliar que, assim o fazendo, ajudaria os leitores a conferirem com maior facilidade o que o Cristianismo acredita e o que a missão religiosa estabelecida por mestre Irineu pregou, que são o mesmo, versus o que a dissidência passou a afirmar ou fazer e, por decorrência, o que inúmeros estudos haviam equivocadamente registrado como tendo sido, desde os primeiros dias, a identidade da missão religiosa estabelecida por mestre Irineu em 1931.

Afinal, se olharmos a média das pessoas, para nem pensar em maioria, quantas têm hábito de ler a Bíblia? Quantas frequentam prateleiras de livros de Ciências da Religião, Filosofia ou Teologia? Quantas com paciência comparam princípios de fé das diferentes religiões para aferir-lhes a identidade e discernir, com precisão, pontos em comum ou diferenciadores?

   Minha principal preocupação, não custa lembrar, era aferir e descrever a identidade da missão religiosa estabelecida por mestre Irineu e diferenciá-la com clareza do que passou a ser feito depois, muitas vezes erroneamente associado a seu nome e sua história, tendo sido assim registrado em dezenas de pesquisas e estudos brasileiros e estrangeiros.





E por que era aquele o meu principal objetivo?

Porque anos de pesquisa e estudo da doutrina daimista, tivesse sido em casa, tivesse sido em Rio Branco, haviam-me convencido de que a obra de mestre Irineu fora uma missão cristã de evangelização, extremamente inovadora no método litúrgico e absolutamente fiel no conteúdo, propiciada por revelações privadas de Maria Santíssima a ele (...) e que somente se este fato fosse exposto como possível  afinal, nesta suposição há um forte componente de crença –, isto motivaria outros pesquisadores, especialmente os preparados em Antropologia da Religião, Ciências da Religião ou Teologia, a avaliarem com cuidado a questão, refutando-a ou a aprofundando.

No O Mensageiro, eu já utilizara trechos da Bíblia e de obras de pensadores cristãos para pôr em relevo a absoluta semelhança de identidade da doutrina daimista com o Cristianismo e facilitar a percepção de tal fato até para quem nunca estudou ou vivenciou a doutrina daimista.




Assim como lá, isto não ocorreu no segundo livro da Trilogia Juramidam, o Rainha da floresta, para dar arrimo ou justificativa à doutrina daimista, já que ela se diz apoiar e bastar em sua própria natureza, propiciada por variadas hierofanias, como as letras dos hinos dos hinários de sua base doutrinária o repetem com transparência.

Apenas ajuda a perceber melhor a integral identificação entre ela e o Cristianismo, exclusivamente o Cristianismo, dentro do qual e pelo qual a missão religiosa estabelecida por mestre Irineu decorreu.

   Minha intenção é a de auxiliar no trabalho de restauração da imagem pública que se possa dar em benefício da missão religiosa estabelecida por mestre Irineu em um panorama religioso plural, notadamente no Brasil, mas também em outros países, à medida que o uso ritual de daime [sempre associado à imagem da missão religiosa estabelecida originariamente por mestre Irineu] veio se espalhando pela Europa, Ásia e Américas do Sul e do Norte.

   É também um apelo a que pesquisadores de várias especialidades de conhecimento, em especial a teológica e mais focadamente ainda a cristã, se voltem a trabalhar sobre a seguinte questão: será possível que o maranhense Raimundo Irineu Serra, bem além de ter sido um pregador e dirigente espiritual, tenha sido interlocutor de Maria Santíssima por escolha de Deus e aquiescência humana, igual ao que se deu em outras regiões do mundo, entre as quais Fátima, Guadalupe e Lourdes são as ocorrências mais conhecidas e amplamente aceitas?

    E, se foi assim, a que serviu sua missão?